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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

TRÊS HORAS DE FUMO

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Pela quinta vez no bar do Ramon para assistir ao Jornal Nacional, ouvir rock, comer farofa de ovo e, inevitavelmente, tomar uns copos de cerveja. Foi uma daquelas noites sem planejamento, para deixar ver o que aconteceria. No balcão, um simpático casal relatava casos do cotidiano. Ele discreto, ela mais comunicativa. Ele observador, ela cheia de experiências para compartilhar. E como falou bem a moça. Contou sobre sua militância em defesa do direito de trabalhadores, suas atividades como servidora pública e sobre as conquistas e derrotas na política. Ele, sempre reservado, concordava com a parceira, ria de vez em quando das histórias vividas pela dupla, e a moça haja a relatar os fatos com lucidez e entusiasmo, quase sem parar. As pausas só eram feitas para ir ao banheiro. Um assunto emendava no outro: política, meio ambiente, gestão e gestores, etc. Até vida pessoal entrou na conversa. O papo se prolongou e foi tão interessante que fui capaz de resistir a três horas de fumaça na

"NAZA VITTAR" FOI À PRAIA

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Voltamos à Ilha Trambioca, desta vez para um almoço na Praia do Guajarino. O passeio não incluiu banho porque a maré deu baixa e o dia escolhido estava fechado e com chuva. Mas a turma de "aventureiros", incluindo uma certa 'Naza Me Solta', não quis saber do clima, queria mesmo era sair pra comer e beber. Naza Me Solta foi a mais empolgada do grupo. Deu um susto na turma logo na chegada à casa de veraneio. Desavisada, a baixinha levou um tombo ao se apressar em descer uma escada de madeira que estava interditada nos fundos da residência. Para evitar o alarde e manter a elegância do grupo, alguém pediu "calma" duas vezes. Passado o susto, eis que chegou a hora do esperado almoço. Os anfitriões, Batista e Marina, ofereceram camarão, caranguejo, porco, feijão com bastante charque (adoro charque no feijão) e guisado de carne (meu prato preferido). Não teve como não comer em estado de contemplação. Não teve como não pedir bis. Os tagarelas se calaram um pou

ESPECIAL MESTRE VIEIRA

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Uma equipe da TV Liberal esteve em Barcarena, nesta manhã, gravando para o programa É do Pará. Vai ser um especial sobre a vida e a obra do querido Mestre Vieira, que nos deixou no último dia 2 de fevereiro. Será mais uma justa homenagem ao Rei da Guitarrada paraense. Vieira merece. A praça da Matriz foi um dos pontos de gravação. A produção do programa reuniu os filhos de Vieira para falarem sobre o pai e os seus ensinamentos. Músicos da capital também foram incluídos nas entrevistas. Cada um vai dizer o que representaram o trabalho e o jeito de ser do grande barcarenense. O É do Pará vai mostrar a riqueza artística deixada pelo inventor da guitarrada, tendo como pano de fundo a cidade onde ele nasceu, viveu e morreu. Barcarena, que tanto foi bem falada e divulgada por Vieira, será destaque positivo numa semana em que apareceu na mídia de forma negativa, por causa de um suposto acidente ambiental. O trabalho de televisão é feito coletivamente e o sucesso de uma produção depende

O MEDO DA LAMA

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Embora a Hydro negue, o vazamento de rejeitos da bauxita é algo iminente na cabeça de quem vive perto das bacias da empresa. Chega a ser assustador pensar que o rompimento de alguma delas possa acontecer e causar uma tragédia sem precedentes na história de Barcarena. Como os depósitos estão cheios da ‘lama vermelha’, a sensação que dá é de que a qualquer momento uma bacia vai transbordar e causar uma enxurrada, que levará destruição a tudo o que encontrar pela frente. Que isso nunca aconteça no município, mas é bom ficar sempre alerta. Neste final de semana, imagens divulgadas pelas rendes sociais e pela imprensa causaram preocupação e mobilizaram as autoridades do município e do estado. Não se sabe precisamente se houve vazamento de rejeitos contendo metais pesados.  Só a perícia vai dizer. Enquanto isso, vamos dar um desconto ao noticiário que faz alarde e se precipita na divulgação de fatos que necessitam de comprovação. O perigo existe. A situação das comunidades que estão no

SÁBADO CHUVOSO

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A chuva que banhou Barcarena hoje foi a mais típica do inverno amazônico, com grande volume de água e longa duração. Choveu desde a noite anterior, entrou pela madrugada, varou o dia e emendou pela tarde, já mais fraquinha. Foi justamente no sábado de programação em praça pública. A população foi convidada para uma ação de cidadania que ofereceria variados serviços como emissão de documentos até cuidados estéticos. Pois às 8h, debaixo de forte chuva lá estava uma multidão de gente a espera de atendimento. Surpreendente a frequência e o ânimo das pessoas. Filas intermináveis se formaram na praça e também no salão da igreja Matriz, que abrigou o serviço de emissão de RG e CTPS. Não deu pra quem quis. As 500 fichas para a carteira de identidade foram logo distribuídas. Teve gente que madrugou na fila pra não correr o risco de voltar pra casa sem o RG. A praça esquentou com tantos cidadãos interessados nos benefícios. A fila para o embelezamento, por exemplo, foi outra gigante. Enqua

OS ESTRAGA-PRAZERES

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A programação de Carnaval da prefeitura de Barcarena foi considerada um sucesso. O comando da Polícia Militar informou que não houve registro de ocorrências graves, exceto alguns tumultos controlados rapidamente. Um deles ocorreu em Barcarena-Sede na Terça-feira Gorda. Era por volta da meia-noite quando um grupo de jovens, agitados pelo excesso de bebida alcóolica, começou uma briga generalizada. A desordem foi controlada; e os alterados, dispersos. Não é de se estranhar o fato de haver brigas em eventos envolvendo as aparelhagens. Esses equipamentos de som atraem um público cativo que adora a música regional como o tecnobrega e suas variações. Mas muita gente se infiltra nas festas para incitar e promover brigas, além de oferecer e vender drogas ilícitas. São os chamados “malacos”, prontos para o crime. Eles são os estraga-prazeres de qualquer diversão e podem causas graves prejuízos para quem não tem nada a ver com seus comportamentos e práticas agressivas. Felizmente, os “mala

ARRASTÃO NO CONDE

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Renato Ogawa e seu Arrastão dos Amigos animaram a terça-feira de Carnaval em Vila do Conde. A comunidade já esperava a "Bateria Show". E quando os ritmistas chegaram, a alegria tomou conta da orla e fez da noite uma das mais alegres dessa folia de 2018. Blocos locais se juntaram com o Arrastão e a animação ficou ainda maior. A sequência de músicas contagiou o público e colocou todo mundo pra dançar. O desfile do Arrastão dos Amigos terminou na principal praça do bairro. "Vila do Conde merece", disse um folião entusiasmado com a apresentação. A boa participação do bloco na Vila foi unanimidade. Para quem desconhecia a agremiação nascida em Barcarena-Sede a partir da reunião de um grupo de amigos, o Arrastão dos Amigos surpreendeu e sua apresentação acabou muito cedo, ficando com o gosto de quero mais. "Foi show de bola", declarou outro folião depois da apresentação do Bloco dos Amigos. As manifestações sobre a presença do Bloco na Vila do Conde foram es

RESPEITO NA AVENIDA

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Barcarena viu o Bica Grande desfilar pela 21ª vez nesta segunda-feira de Carnaval. O maior bloco de rua do município arrastou uma multidão. Os que se vestiram com fantasias foram atrações à parte. Os foliões exibiram humor, irreverência e criatividade na avenida. Entre os milhares de brincantes, havia uma turma que vestiu a camisa do respeito. Foram os servidores e amigos da Secretaria de Assistência Social de Barcarena, que apresentaram mensagens contra o assédio e qualquer outro tipo de violação de direitos. A iniciativa da Secretaria de Assistência Social da prefeitura de Barcarena repercutiu na avenida. Até a TV Liberal, que veio de Belém cobrir o Bica, deu o tom na reportagem que produziu. O repórter Carlos Brito ouviu mulheres que pudessem alertar sobre o assunto. Nunca é demais lembrar que a gente pode se divertir de todas as maneiras sem prejudicar o outro, com respeito e responsabilidade. Valeu a ação da prefeitura! Valeu também o trabalho dos meninos e meninas do Cr

TRABALHO E DIVERSÃO

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Quem consegue resistir ao Carnaval? É difícil ficar de fora de um festejo tão animado. A folia nos envolve de alegria, liberdade, descontração e encontros inusitados. Por isso é tão interessante colocar a fantasia e se lançar na avenida. Há quem prefira os retiros, mas é melhor falar sobre eles na Semana Santa. Vou passar o Carnaval em Barcarena, aliando trabalho e diversão. Minha escala prevê a cobertura do bloco de rua Bica Grande, o maior da cidade. Já disse vou fazer uma reportagem-participante, ou seja, escrever um texto a partir do que vivi entre os milhares de foliões que acompanharam a agremiação. Vamos ver o resultado. Além do Bica, vale a pena dar uma espiada nos outros blocos que animam o município nessa época como o Bloco dos Amigos, o Rola Cansada, o Faísca no Rabo e o que for mais interessante. Meu lado observador deve estar aguçado até a quarta-feira de Cinzas. Atento a toda fala engraçada também. A turma do trabalho sentiu primeiro que eu como o carnaval de Barcar

DESENVOLVIMENTO PARA QUEM?

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Desde o final dos anos de 1970, Barcarena vem sendo pressionada pelo “progresso”. Os grandes empreendimentos chegaram com o discurso do desenvolvimento e provocaram profundas mudanças na realidade social. O inchaço urbano foi uma das consequências negativas. A cidade teve um crescimento desordenado. A Vila dos Cabanos (construída nos anos de 1980 para os funcionários do projeto Albras/Alunorte) hoje está cercada de ocupações que viraram bairros e que necessitam de melhor infraestrutura para garantir qualidade de vida aos moradores. Em quase quatro décadas, o número de habitantes saltou de 20 mil para mais de 120 mil pessoas, conforme dados do IBGE. A maioria mudou para Barcarena em busca de emprego, mas as vagas são limitadas e o desemprego é uma dura realidade enfrentada por milhares de pais de família. Sem trabalho para todos, sem moradia digna e sem infraestrutura suficiente, o meio ambiente urbano ficou vulnerável a todo tipo de agressão e, por extensão, acarretou prejuízos a

O TALENTOSO FABRÍCIO

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Hoje o Fabrício faz aniversário. Um colega de trabalho caprichoso. É o webdesign mais conhecido de Barcarena. Muito requisitado. Trabalha até em casa fora do horário de expediente. O resultado de sua arte é sempre seguido de comentários positivos e elogiosos. Tem sua marca registrada na produção porque é bem criterioso. Um profissional competente. Eu o conheci em julho de 2012 durante a campanha política que, três meses mais tarde, elegeria o prefeito de Barcarena. No escritório do chefe, de vez em quando, o nome do Fabrício saia da boca de um e de outro. "Fabrício pra cá, Fabrício pra lá" e nada de o Fabrício aparecer. Imaginei que o Fabrício fosse um boçal, metido a besta, que chega pra dizer que faz e acontece. Até que numa manhã ele apareceu. Pensei que fosse parente sanguíneo do chefe porque me pareceu oriental. Que nada. Filho nato de Barcarena, tomador de açaí, comedor de peixe com farinha e apreciador de cerveja. Tem paixão pelo Paysandu e pela Trambioca, o refúgi

ELE DIZ QUE É “PAU”

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Pau é uma gíria na boca de Cabo Joca, um senhor de 60 anos que trabalha como sapateiro na orla de Barcarena. Em cada frase, ele mete o ‘pau’ no meio, como se fosse vírgula. Mas a expressão tem conotação positiva na maioria das vezes. Por exemplo, quando diz que uma mulher é pau, está elogiando. Aliás, ele conta que sempre ficou com mulher-pau. E o que seria uma mulher-pau? Na opinião de Cabo Joca, é aquela capaz de topar tudo, que não tem frescura. E o homem-pau? Esse é torcedor do clube do Remo como ele, trabalhador, pau pra toda obra, conquistador de mulheres, aquele que sabe lidar com as adversidades da vida, corajoso, que topa tudo e não tem frescura também.  Certa vez, uma ‘transa pau’ quase custou a vida dele e da parceira. O casal foi trocar prazer na beira de um barranco e, por pouco, os dois não despencaram do local. Joca diz que até hoje não dispensa aventuras perigosas, mesmo já sendo um sexagenário... pau, claro.    As histórias do sapateiro são hilariantes. Escutar

BARCA O QUÊ?!?

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Se você fosse criar um bloco de carnaval, que nome daria a ele? Em Barcarena, já é costume pular no Bloco dos Amigos, Bica Grande e Rola Cansada. E, este ano, a irreverência deve tomar conta também dos foliões que vão desfilar no estreante “Faísca no Rabo”.   O Bloco dos Amigos é um nome simpático, agradável e fácil de pronunciar. Até criança de cinco anos consegue falar direitinho. O mesmo não se pode dizer do Bica Grande. No ano passado, uma apresentadora de TV quase se atropela nas palavras e deixa escapulir “Pica Grande”. Rola Cansada pode ser uma rolinha que voou o dia inteiro e, quando pousou, desfaleceu. Mas é de duvidar que, com esse nome, imagine-se uma pequena ave exausta.  E o que pensar do Faísca no Rabo? Será mesmo que os foliões vão associar o nome do bloco ao fundador, que é chamado de Faísca? Cada um com a imaginação que tem. Outro dia, um grupo de colegas de trabalho imaginou criar outro bloco na cidade, o Barcaquete. “Barca o quê?!?”, perguntou um curioso. O Ba

OBRIGADO, MESTRE!

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A morte de Mestre Vieira deixou uma ponta de tristeza no coração dos fãs e admiradores. A gente queria mais um pouco da alegria, do humor e da simpatia do velhinho. A gente queria ouvir um pouco mais o som da guitarrada do veterano músico. Vieira foi sensacional. Em cada em encontro, um sorriso gostoso, uma risada marota, uma história engraçada. Ele gostava de tirar sarro, contar piadas, brincar com a vida, admirar as coisas boas desse mundo. Vieira foi talentoso até o fim. Mesmo debilitado pela doença, ainda tocava e animava plateias. Foi assim no aniversário de 83 anos, em outubro passado. Ele amava a música e adorava o ritmo que inventou, a guitarrada paraense. A música do Mestre influenciou muita gente e uniu muitos pares nas festas populares. Uma obra e tanto deixará o homem que partiu nesta sexta-feira pré-carnavalesca. Vieira agora vai cantar no céu e ficará inesquecível aqui na terra. Ele viveu com o básico, não acumulou bens materiais, mas era rico em humildade e gener