RECOMEÇO EM BARCARENA

A melhor cidade do mundo é aquela onde você está bem. Não precisa morar em castelo, basta um lugar aconchegante. Não precisa conhecer muita gente, basta ter boa relação com o próximo. O trabalho tem que ser satisfatório e deve sobrar tempo para desfrutar pequenos prazeres.

Barcarena tem sido generosa comigo nesses quesitos. Aqui não tem trânsito caótico e já vi muito motorista respeitando a faixa de pedestre. Coisa boa. A tranquilidade impera. O comércio fecha ao meio-dia e só reabre às 15h. Até brincam que os restaurantes fecham para o almoço. Mas é mentira.

O silêncio, sim, é verdade. Em horário comercial, é comum escutar os anúncios de carro-som pelas ruas ou o barulho das embarcações que navegam no rio Mucuruça. Mas é só. À noite, outra calmaria. Parece que a vizinhança se recolhe cedo. Será que é por receio da violência? Nunca vi, mas tem.

Ainda não testemunhei nada que me colocasse medo. E olha que gosto de observar o movimento noturno. Percebo gestos e atos solidários por essas bandas. Posso afirmar que tenho amigos na cidade. Vejo gentilezas nas pessoas comuns e nos cidadãos públicos responsáveis pelo andamento da gestão municipal.

Um dia desses ouvi um homem dizer que Barcarena estava acabada. Bem, pode ter acabado para ele, para mim só está começando. Já houve muitas mudanças na cidade nos últimos anos. O que era velho, ficou novo. O que não existia, passou a existir. O que estava destruído, foi reconstruído.

No começo deste ano, fui convidado a visitar a comunidade do Foral, na ilha Trambioca, com direito a vista para o grande rio Pará. Encantadora paisagem, cercada de verde e água. Não dá vontade de sair de lá de tão bom que é. Assim é Barcarena, cidade que escolhi para viver uma longa e feliz temporada.