HYDRO E OS BARCARENENSES

Estudos sobre o desenvolvimento da Amazônia mostram que a instalação do projeto Albras/Alunorte foi uma imposição do governo brasileiro em Barcarena no final dos anos de 1970. Uma imposição agressiva, do tipo ‘vai ser assim e pronto’. Bem arrogante. Em pleno regime militar, as empresas chegaram sem perguntar o que o município achava do empreendimento e como poderia ser parceiro. Aliás, os empreendedores da época consideraram que havia uma incapacidade administrativa na cidade para envolvê-la no processo.

Foi uma transformação impactante na vida social e econômica dos barcarenenses. Quem morava em Ponta Grossa, Cabeceira Grande e outras comunidades de Vila do Conde teve que se retirar de suas terras para dar lugar ao projeto. Houve conflitos e resistências, mas as famílias tiveram de sair da área. Muitas reclamaram da indenização que receberam. O tempo passou, a Alunorte foi comprada pela norueguesa Hydro, no entanto, os conflitos e as resistências continuam, e agora mais do que nunca.

A Hydro está diante de uma crise que já chegou ao primeiro mundo. É investigada por poluição e contaminação de rios. Está sentindo a pressão de diferentes atores da sociedade que cobram explicações sobre a conduta da empresa em território paraense. No passado, o regime militar não admitia ser questionado sobre seus atos e deu abertura ao capital internacional para instalar grandes projetos na região. No caso barcarenense, as autoridades não foram ouvidas muito menos as comunidades tradicionais.

Mas, e agora, quase 40 anos depois da chegada dos empreendimentos, essa relação mudou? Em que medida os executivos das empresas que atuam em Barcarena se preocupam realmente em manter a parceria com o poder público local para colaborar na promoção dos moradores das comunidades impactadas pelos projetos? A pressão contra a Hydro é grande e as perguntas incomodam. Entretanto, o diálogo é um dos caminhos para a saída da crise, a arrogância não. Nunca será!


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